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Racismo 'Pensei que era uma pedrada', diz haitiano atacado no Glicério


O haitiano Gregory Deralus relatou em depoimento à polícia nesta segunda-feira (10) o ataque que sofreu em 1º de agosto na região do Glicério, no Centro de São Paulo. Outros cinco haitianos foram atingidos por balas de chumbinho na mesma data. “Estava saindo da igreja, senti uma coisa na perna e pensei que era uma pedrada”, afirmou ao deixar o 1º Distrito Policial, que concentra as investigações.
Segundo a Secretaria Municipal de Direitos Humanos, seis haitianos ficaram feridos — três homens e uma mulher ainda tem a bala de chumbinho alojada no corpo e deverão fazer cirurgia. As agressões ocorreram na região da Missão Paz, que abriga imigrantes no Glicério. Os haitianos sofreram três ataques em apenas uma hora e meia.Gregory Deralus falou à polícia por cerca de duas horas. Ele relatou ao deixar a delegacia que só soube que tinha sido atingido por uma bala de chumbinho após procurar um médico. “No dia seguinte, mostrei o machucado na missão e outros também tinham se machucado. Disseram para eu ir ao hospital, fui, fiz exames, raio-X e vi que tinha uma bala”, afirmou.
Haitiano aponta para região da perna em que foi atingido (Foto: Reprodução/TV Globo)Haitiano aponta para região da perna em que
foi atingido (Foto: Reprodução/TV Globo)
Ele disse não saber o que motivou a agressão. “Não sei, acho que vagabundo não faz mal só a haitianos. Primeiro, faz com haitiano, depois africano, colombiano e brasileiros. Bandido tem em todo país”, afirmou. “Aqui tem africano, colombiano, tem muitos estrangeiros no Brasil, não só haitianos. Me dou com todos. Aqui todo mundo é humano. Você é humano e eu também. Não é preto ou branco, todo mundo tem sangue, eu sou filho de Deus.”

Segundo o haitiano, o médico disse que ele não precisa retirar a bala de chumbinho. Ele afirmou, no entanto, que prefere fazer a cirurgia.
Gregory mora no Brasil há um ano e três meses. Ele trabalha como auxiliar de materiais em uma obra. No Haiti, se formou em ciências da computação.
Atendimento aos feridos
O Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes (CRAI), da Prefeitura, informou que todos os feridos foram atendidos no Hospital Municipal Tatuapé, e que o estado de saúde é estável.
Segundo nota da Secretaria de Direitos Humanos, o boletim de ocorrência registrado no 8º Distrito Policial informa que “um ocupante de um carro que passava no local teria gritado “haitiano!” e logo depois alvejado as vítimas”.
O padre Paolo Parisi, da Missão Paz, diz que registrou o boletim com mais quatro vítimas. Segundo ele, o veículo de onde partiram os tiros era cinza e o ataque ocorreu a cerca de 100 metros da Paróquia Nossa Senhora da Paz, onde fica a missão. "Dois foram atingidos abaixo do joelho, um na coxa e outro na virilha", disse. Ele também contou que há possibilidade de ter ocorrido outro ataque, mas não conseguiu confirmar com os imigrantes.
Para o padre, o ataque pode ter sido vingança: "Faz algum tempo tentaram levar a bolsa de uma moça aqui perto. Um dos haitianos interferiu e entregou a bolsa de volta para a menina. Na hora, os assaltantes ameaçaram dizendo que 'iriam voltar'", contou.
A Secretaria disse que “ repudia o fato ocorrido” e ressalta o “compromisso desta gestão em combater toda e qualquer forma de violência e xenofobia na cidade”.
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